Não estou pronta para desistir da ideia de ti.
Memorial À Ironia
quarta-feira, 17 de março de 2021
quinta-feira, 11 de março de 2021
Pintamo-nos à melhor luz
É irónico que eu, que recheio o meu discurso com regionalismos e expressões populares, tenha demorado quase 20 anos a compreender o verdadeiro significado por detrás de "Todas as histórias têm dois lados". Foi preciso uma bebedeira violenta, uma discussão num vão de escadas e uns meses de silêncio para entender, que ainda que da minha perspetiva, eu fosse dona e senhora da razão, do outro lado da barricada era apelidada de injusta. Na altura, isto roubou-me umas quantas horas de sono.
Agora, uns anitos mais tarde, sentada a ler um livro de crónicas, onde o autor despeja o amor que lhe vai na alma por uma mulher moribunda, penso no quanto gostava de poder escrever sobre Ele, sem que tal fosse inconveniente. A linha entre o amor e a obsessão é ténue, e geralmente traçada pelo objeto do nosso afeto, que de marcador em punho, e sentimentos na balança, distingue mentalmente o que será encantador do puramente sinistro.
Tento constantemente convencer-me que és parte do passado, que os meses correram e o nosso timing, se alguma vez o houve, ficou para trás. Mas depois dou por mim a interessar-me por tópicos que não lembra o diabo, não por te querer impressionar com uma versão adolescente de "Ah! Essa também é a minha banda preferida!", mas porque genuinamente te quero compreender. E isso preocupa-me, porque vejo muito mais de um carinho sincero, nestas atitudes silenciosas, do que quando o meu estômago dava um 180º mal te via.
Temo muitas vezes ser uma cruz que tens que carregar, a amiga que estimas, e não queres magoar, mas que sente demasiado. Temo assustar-te, porque eu mesma me sinto assustada por os meses terem dado lugar aos anos e ainda estar aqui. E nós brincamos, como miúdos do básico, que dizem "Eu gosto mais dos morenos, como o Bernardo, ele é mesmo giro!" ou "A Joana é toda boa...devias arriscar!", e honestamente não sei se acreditas nestas balelas, ou se quando digo que me sinto mil vezes mais atraída por personalidades do que corpos, compreendes que a tua mente é para mim o mais belo mistério, em todas as suas peculiaridades e hesitações.
Não sei como vai acabar esta história. Talvez sejamos sempre as reticências no final do suspiro que soltei, quando tinha a tua mão na minha e me sintia segura. Talvez sejamos apenas uma frase que fica a meio, porque a tinta da caneta acabou.
Mas espero que sejamos os dois muito felizes, seja como for.
Ambos o merecemos.
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